Palácio de Versalhes

Localisação :

Não existe no mundo, uma moradia tão luxuosa, e tão grandiosa, como a casa do Rei Sol. Versalhes ecoa no imaginário francês e mundial como o pináculo da ostentação e do excesso. Porém, perante uma tal reputação, quando vamos ao palácio, poderíamos esperar ver uma luz mais brilhante do que o próprio sol no palácio: nada de mais falso. É verdade que o palácio foi construído com materiais preciosos, mas no bom gosto herdado das influências da Antiguidade. Pompeia estava apenas a ser novamente descoberta.

No tempo de Luís XIV, o palácio de Versalhes era moradia para muitos membros da corte. Lutava-se para se ter a honra de viver num dos pequenos apartamentos acomodados no palácio a fim de se estar mais próximo do rei. Viver no palácio, não era para ninguém, sinónimo de viver no conforto. O soberano e a sua família preferiam passar o seu tempo em família noutro lugar, a título de exemplo no Grand Trianon ou em Marly, longe da agitação da corte.

Os cortesãos estavam presentes mais por necessidade do que por lazer, os seus aposentos eram sem dúvida muito menos confortáveis que a sua residência habitual.

Panorâmica do Palácio de Versalhes, lado dos jardins. À esquerda, o Corpo central e à direita a ala sul. Clique para ver a imagem em tela cheia na galeria flickr.

Panorâmica do Palácio de Versalhes, lado dos jardins. À esquerda, o Corpo Central e à direita a Ala Sul. Clique para ver a imagem em tela cheia na galeria flickr.

Mapa do Palácio de Versalhes

Mapa do Palácio de Versalhes

O castelo de cartas de luís XIII

Quando o jovem rei Luís XIV herdara de Versalhes, o palácio ainda era uma pequena construção, sucessor do antigo pavilhão de caça edificado pelo seu pai Luís XIII em 1623, onde se encontrava um simples moinho de vento. Versalhes, era então um lugar onde os soberanos vinham usufruir os prazeres da caça, da floresta e da natureza a poucos quilómetros da capital. Ainda hoje, conseguimos ver o primeiro castelo construído no lugar do pavilhão da caça pelo arquiteto Philibert Le Roy em 1636: são os edifícios do Pátio de Mármore. Este primeiro castelo era tão modesto que foi batizado de “castelo insignificante” ou de “castelo de cartas” sem dúvida, uma referência a sua arquitetura, construída em tijolos e pedras brancas. O jovem Luís XIV, virá frequentemente a Versalhes para caçar, mas o castelo era ignorado e não tinha lugar entre as suas prioridades.

O Pátio Real e o Pátio de Mármore ao fundo. Os tetos foram restaurados segundo o seu estado original, decorados de chumbo dourado.

O Pátio Real e o Pátio de Mármore ao fundo. Os tetos foram restaurados segundo o seu estado original, decorados de chumbo dourado.

Luís XIII, para quem deitar-se na palha não era problema, gostava de vir aqui para se divertir e caçar. O desconforto é sobretudo para os cortesãos, mal habituados a um castelo tão pequeno, em terras tão pouco acolhedoras. Quando Luís XIV fez saber o seu desejo de se instalar em Versalhes, numerosas foram as vozes discordantes que se fizeram ouvir, agitados pelo facto de se poder morar num “lugar ingrato, triste, sem vista, sem madeira, sem água, sem terra, porque tudo é arreia movediça e pântano, sem ar, de modo que não é bom”. Viver em Versalhes, parecia impensável, tão o lugar era insalubre. Só se vinha aqui para as festas, admirar os diversos aposentos do rei no jardim de Versalhes começado em 1661, ou ver o novo Zoo de Festinhas, criado em 1663, hoje desaparecido.

O Corpo Central – Le Corps Central

Para acolher toda a Corte, belos jardins, boas festas, boas fontes não chegam: era necessário tornar o castelo confortável para evitar que os convidados dormissem nas suas caroças como em 1664 para a grande festa “Les Plaisirs de L’isle Enchantée” (Os Prazeres da ilha Encantada) em Versalhes. Havia duas soluções para o Rei Sol: arrasar com o antigo castelo do seu pai para construir um totalmente novo, ou ampliando-o. Foi Colbert que provocará a decisão do soberano, porque a segunda opção era muito mais económica. Os trabalhos começariam em 1668, dirigidos por Louis Le Vau.

Corpo Central do Palácio de Versalhes e o Parterre de Água.

Corpo Central do Palácio de Versalhes e o Parterre de Água.

Trata-se de criar um “embrulho” do antigo castelo para formar o Corpo Central do Palácio de Versalhes. É neste “castelo novo” como se chamava na época, que se encontrava a mais célebre das salas do castelo, a Galeria dos Espelhos. Com o corpo Central, o Palácio de Versalhes começa a ficar parecido com aquilo que é hoje: o alto lugar do classicismo francês. O que vemos hoje do lado do jardim, é essencialmente a obra de Louis Le Vau, falecido em 1670, dois anos apenas depois do início dos trabalhos. Foi o seu aluno François II d’Orblay que tomara o seguimento das obras, seguido de Jules Hardouin-Mansart. Os Grandes Apartamentos dos Palácio de Versalhes encontram-se aqui, com o Grande Apartamento do Rei, o Grande Apartamento da Rainha e sobretudo a Galeria dos Espelhos.

Salão de Diana

Salão de Diana

Salão de Mercúrio nos Grandes Apartamentos do Rei. É uma sala cerimonial. Em primeiro plano, à esquerda, um relógio com autómatos oferecido a Luís XV.

Salão de Mercúrio nos Grandes Apartamentos do Rei. É uma sala cerimonial. Em primeiro plano, à esquerda, um relógio com autómatos oferecido a Luís XV.

Hoje, podemos descobrir em redor do Pátio de Mármore, a fachada do antigo castelo de Luís XIII, evidentemente muito alterada ao longo do tempo. Esses blocos de mármore vêm de Vaux-le-Vicomte, depois da queda de Nicolas Fouquet. Infelizmente, não podemos na atualidade tomar a Escada dos Embaixadores, destruída por Luís XV em 1752 para aí serem construídos os apartamentos das suas filhas.

Quarto do Rei. Foi neste quarto que faleceu Luís XIV.

Quarto do Rei. Foi neste quarto que faleceu Luís XIV.

Por cima da cama, uma alegoria, a França vigiando o sono do Rei, por Nicolas Coustou.

Por cima da cama, uma alegoria, a França vigiando o sono do Rei, por Nicolas Coustou.

À esquerda, o quarto da Rainha. À direita, um busto do Rei Sol no Quarto do Rei, por Antoine Coysevox.

À esquerda, o quarto da Rainha. À direita, um busto do Rei Sol no Quarto do Rei, por Antoine Coysevox.

O Quarto da Rainha, no Grande Apartamento da Rainha. É aqui que a esposa de Luís XIV, dá em público à luz dos seus filhos.

O Quarto da Rainha, no Grande Apartamento da Rainha. É aqui que a esposa de Luís XIV, dá em público à luz dos seus filhos.

A Galeria dos Espelhos – La Galerie des Glaces

O Rei Sol precisava de um salão cerimonial a medida da sua radiação. A França era a primeira potência da Europa. A construção da sala grande deu início em 1678 sob a direção de Jules Hardouin-Mansart para terminar em 1684. Charles Le Brun, Primeiro Pintor do Rei, é chamado para decorar a galeria. Ele começa os trabalhos a partir de 1680.

A Galeria dos Espelhos. Tem um cumprimento de 73 metros por 10,5 metros de largura.

A Galeria dos Espelhos. Tem um cumprimento de 73 metros por 10,5 metros de largura.

As portas janelas da Galeria dos Espelhos estão enquadradas por mulheres que seguram um archote, encimado por um candelabro. As mulheres de archote, também seguram uma cornucópia.

As portas janelas da Galeria dos Espelhos estão enquadradas por mulheres que seguram um archote, encimado por um candelabro. As mulheres de archote, também seguram uma cornucópia.

Os espelhos eram objetos preciosos na época de Luís XIV e levavam à admiração dos visitantes da Grande Galeria, nome pelo qual era conhecida nesse tempo a Galeria dos Espelhos.

Os espelhos eram objetos preciosos na época de Luís XIV e levavam à admiração dos visitantes da Grande Galeria, nome pelo qual era conhecida nesse tempo a Galeria dos Espelhos.

Hoje, a Galeria dos Espelhos parece-nos menos requintada que no tempo de Luís XIV. Os espelhos são hoje muito fáceis de produzir, algo que não o era no século XVII. Veneza tinha praticamente o monopólio na produção dos espelhos, coisa que Luís XIV quis por termo graças a sua nova “manufatura real dos espelhos” criada em 1665 por Colbert, futura Saint-Gobain. Aposta conseguida, pois era agora possível produzir espelhos em França como em Veneza, algo que a Galeria dos Espelhos provava com enorme esplendor.

Duas estátuas principais da Galeria dos Espelhos: à esquerda, a Diana de Versalhes, ou melhor a sua produção, e à direita, a musa Urânia.

Duas estátuas principais da Galeria dos Espelhos: à esquerda, a Diana de Versalhes, ou melhor a sua produção, e à direita, a musa Urânia.

À esquerda, uma das arcas com espelhos da Galeria dos Espelhos. À direita, pormenor de uma mulher segurando um archote, representada segurando também uma cornucópia.

À esquerda, uma das arcas com espelhos da Galeria dos Espelhos. À direita, pormenor de uma mulher segurando um archote, representada segurando também uma cornucópia.

As portas janelas da Galeria dos Espelhos. Reconhece-se a estátua da Vénus de Troas.

As portas janelas da Galeria dos Espelhos. Reconhece-se a estátua da Vénus de Troas.

Resolução tomada para entrar em guerra contra os Holandeses. Quadro de Le Brun na Galeria dos Espelhos.

Resolução tomada para entrar em guerra contra os Holandeses. Quadro de Le Brun na Galeria dos Espelhos.

A Ala Sul ou Ala dos Príncipes – Aile du Midi ou Aile des Princes

Se o Rei e a sua família estavam bem acomodados no Corpo Central, não era o caso para os cortesãos. Era necessário alargar o palácio com um novo edifício. A Ala Sul, como indica o seu nome, foi construída do lado sul do palácio. Também é conhecida pelo nome da “Ala dos Príncipes”, pela sua função: acolher os infantes. Construída a partir de 1679 sob a direção de Jules Hardouin-Mansart, a continuidade do estilo com o Corpo Central foi conservada. A nova Ala será concluída em 1681, permitindo a instalação definitiva de Luís XIV, a Corte e o governo em Versalhes em 1682. As pessoas que vivam em Versalhes, as “pessoas do Palácio”, são agora aos milhares.

Parterre do Sul, em frente à Ala Sul.

Parterre do Sul, em frente à Ala Sul.

A Ala Sul assim como a sua irmã, a Ala Norte, foram inteiramente remodeladas sob Luís Filipe para acolher o Museu da História da França em 1837. Essa reestruturação foi um verdadeiro “massacre” da Ala Sul, a quase totalidade dos apartamentos foram destruídos para dar lugar as salas necessárias para a instalação do museu. Pessoalmente, gosto e aprovo a ideia do museu, mas não partilho a ideia de arrasar com o passado de um edifício tão pugnado de história. O desejo de Luís Filipe era nobre: para salvar o palácio das ruinas, porque não transforma-lo em museu?

É na Ala Sul que encontramos a Sala do Congresso. Esta sala foi criada em 1875 por Edmond Joly para abrigar a Assembleia Nacional. Estamos no início da Terceira República e os parlamentares não podiam fazer da sua sé o palácio Bourbon no seguimento da Comuna de Paris. Instalados em Versalhes desde 1871, o novo hemiciclo de Versalhes será utilizado em 1879, ano do regresso da Assembleia Nacional em Paris. A Sala dos Congressos, ainda é usada pelos parlamentares durante as revisões da Constituição.

A maior sala desta nova Ala Sul na versão de Luís Filipe, é a galeria das Batalhas. É aqui que a história da França é retratada com a representação das grandes batalhas que permitiram a formação do país. Esta sala foi elaborada pelo arquiteto Frédéric Nepveu, ao estilo das correntes do século XIX.

O Grande Comum – Le Grand Commun

Aqui está um edifício de que se fala pouco em Versalhes. Um pouco afastado, encontra-se nas proximidades da Ala Sul. Construído em simultâneo entre 1682 e 1684 pelo mesmo arquiteto, o Grande Comum tinha essencialmente uma característica funcional. É aqui que vão ser instalados as cozinhas do Palácio e muitos apartamentos dos cortesãos. É aqui que vivem as pessoas “ordinárias” por assim dizer. Visto do lado de fora, parece um belo edifício de Versalhes, onde se poderia comprar um apartamento. A sua arquitetura denuncia claramente a sua função: é uma obra muito modesta comparada com o Palácio.

O Grande Comum conheceu diversas funções. Durante a Revolução, era uma fábrica de armas. Em 1843, um hospital militar que só fechou em 1995. Na atualidade, serve para receber os serviços administrativos do Palácio, ou melhor dizendo, o edifício público do Palácio, do museu e do domínio nacional de Versalhes.

A Ala Norte – L’Aile Nord

Apesar da construção da Ala Sul e do Grande Comum, faltava sempre espaço. Em 1685, começa a construção do edifício gémeo da Ala Sul que equilibra o Palácio de Versalhes com uma simetria renovada: a Ala do Norte. Os principais trabalhos duram até 1689. O Salão de Hercules, o maior do Grande Apartamento do Rei, permite passar do Corpo Central até a Ala Norte.

Ala do Norte, lado do jardim. As estátuas estão tapadas para serem protegidas da severidade do inverno.

Ala do Norte, lado do jardim. As estátuas estão tapadas para serem protegidas da severidade do inverno.

É aqui que Luís Filipe toma a decisão de instalar a grande Sala das Cruzadas onde se recorda as cruzadas saídas de França rumo a Terra Santa para liberta-la dos soberanos muçulmanos. Para construir esta sala ao estilo neogótico, muitos apartamentos de cortesãos foram destruídos. Luís XV mandará construir a Ópera Real dos Palácio de Versalhes na extremidade do edifício. Também é na Ala do Norte que se encontra a Capela Real na qual teve-se que se deitar abaixo a Gruta de Thétys em 1684, apesar de ser uma das joias do jardim.

A Capela Real – La Chapelle Royale

Assim que Ala Norte foi terminada, é a construção da Capela Real que ocupa a maior parte dos obreiros do Palácio. Os trabalhos do Palácio foram bastantes atrasados pela epidemia da malária que contaminou vários milhares de trabalhadores em 1687, desencadeada pela consolidação dos pântanos. É sobretudo a guerra da Liga de Augsburgo entre 1688 e 1697 que perturbara o bom andamento das obras, impedindo Luís XIV de concluir os diferentes projetos do Palácio: tudo ou quase tudo estava parado.

À esquerda, a Capela Real vista do exterior. À direita, o interior.

À esquerda, a Capela Real vista do exterior. À direita, o interior.

Os trabalhos só foram retomados em 1699 para finalmente serem concluídos em 1710. Foi o último grande projeto de Luís XIV em Versalhes. Esta obra de Hardouin-Mansart e concluída por Robert Cotte é talvez aquela que nos chegou de forma mais inalterada e fiel ao tempo do grande soberano. A Capela Real é uma obra de arte neste início do século XVIII, com pinturas e esculturas dos melhores artistas da época. Mais de um terço do orçamento total da capela foi direcionado para a decoração, seja ela pintada ou esculpida. Estamos aqui num alto lugar do Classicismo francês, ou não tenho medo de afirma-lo, do “barroco à francesa”.

A Capela Real tem a particularidade de ser o edifício mais alto dos restantes do Palácio de Versalhes. De facto, essa era a única concessão de Luís XIV, só o poder divino poderia ter um edifício mais alto que o seu quarto. Hardouin-Mansart, pensou inicialmente em faze-la da mesma altura que o resto do palácio, mas foi persuadido de ser mais ambicioso que os seus confrades da Academia de Arquitetura.

As Alas dos Ministros, Norte e Sul – L’Aile des Ministres, Nord et Sud

Na mesma altura em que o “embrulho” estava em construção em redor do antigo castelo de Luís XIII, edifícios para os comuns estavam a ser construídos sob a direção de Luís Le Vau. Estes edifícios tornaram-se as duas Alas dos Ministros quando Jules Hardouin-Mansart ligou-os entre si. Encontram-se hoje em cada lado do Pátio de Honra e foram concluídos em 1679. Tal como para o Grande Comum, estes edifícios não estão diretamente ligados aos principais edifícios do palácio. É nestes edifícios que moravam os ministros e secretários de estado de Luís XIV depois da construção do Grande Comum.

As duas Alas dos Ministros do Palácio de Versalhes, vistas da rua Colbert

As duas Alas dos Ministros do Palácio de Versalhes, vistas da rua Colbert

À esquerda, uma estátua da Grelha Real, a Paz, por João Baptista Tuby. À direita, a Ala dos Ministros Norte e a Capela Real, lado da cidade, Praça Gambetta.

À esquerda, uma estátua da Grelha Real, a Paz, por João Baptista Tuby. À direita, a Ala dos Ministros Norte e a Capela Real, lado da cidade, Praça Gambetta.

Telhados e chaminés da Ala Norte dos Ministros.

Telhados e chaminés da Ala Norte dos Ministros.

Ala Norte dos Ministros, frente ao Pátio de Honra. A pedra e o tijolo são os principais materiais usados.

Ala Norte dos Ministros, frente ao Pátio de Honra. A pedra e o tijolo são os principais materiais usados.

A Ala Gabriel ou Ala Luís XV – L’Aile Gabriel, ou Aile Louis XV

Em 1771, Ange-Jacques Gabriel, primeiro arquiteto do Rei Luís XV, apresenta o seu “grande desenho”, ou grande projeto. Tratava-se de reconstruir totalmente as grandes faixadas do palácio do lado da cidade, para retirar o que era na época considerado feio: a mistura de tijolo e pedra. Por falta de meios, o projeto é interrompido. A Ala Luís XV (hoje conhecida sob o nome de Ala Gabriel) está concluída, mas provoca um corte na simetria do palácio.

Da esquerda para a direita: Grelha Real frente ao Pátio de Mármore e o Pátio Real, a Ala Gabriel, a Capela Real e a Ala dos Ministros do Norte.

Da esquerda para a direita: Grelha Real frente ao Pátio de Mármore e o Pátio Real, a Ala Gabriel, a Capela Real e a Ala dos Ministros do Norte.

A escada Gabriel que podemos encontrar hoje, só encontrou toda a sua majestade em 1985, quando, com base no projeto do arquiteto Ange-Jacques Gabriel, foi concluída, depois de duzentos anos de espera, sempre por falta de fundos. Esta escada, na sua origem do ano de 1772, tinha nessa altura, o nome de “Grande Grau”, estava destinada a preencher o vazio deixado pela demolição da escada dos Embaixadores.

O Pavilhão Dufour e a Ala Velha – Le Pavillon Dufour et l’Aile Vieille

Estes edifícios separam o Pátio Real do pequeno Pátio dos Príncipes. O Pavilhão Dufour foi construído no início do século XIX para criar um todo simétrico: a sua fachada é idêntica à Ala Gabriel. A ideia de voltar a dar a simetria do Palácio de Versalhes já era da ordem do dia no tempo de Napoleão, mas foi tomada sobe Luís XVIII: em 1820, o novo pavilhão está concluído, faltavam as traseiras que deveriam substituir a Ala Velha, no tempo de Luís XIV. Estes edifícios, antes utilizados pela administração do palácio até a sua mudança para o Grande Comum, são na atualidade destinados à receção do público.

À esquerda, a Ala do Sul, lado da cidade, muito menos interessante que do lado do jardim. À direita, a passagem dos Príncipes, que separa o Pátio dos Príncipes, dos Jardins.

À esquerda, a Ala do Sul, lado da cidade, muito menos interessante que do lado do jardim. À direita, a passagem dos Príncipes, que separa o Pátio dos Príncipes, dos Jardins.

A estátua equestre de Luís XIV

É talvez a primeira coisa que vemos quando chegamos ao palácio: em primeiro plano, no início da Praça de Armas, podemos ver a estátua equestre de Luís XIV. Esta estátua nem sempre esteve aqui. Sob a Monarquia de Julho, parecia faltar algo ao Grande Pátio de Honra. A grandiosidade e imensidão de Versalhes deixavam lugar a um enorme vazio, Principalmente, sabendo que o antigo Gradeamento Real já não existia, perturbando assim, o equilíbrio do conjunto. Para colmatar este vazio, a ideia de génio, foi colocar uma estátua equestre no seu centro. E quem melhor que Luís XIV para ser instalado no Pátio de Honra?

Estátua equestre de Luís XIV. Apesar de desproporcional, esta estátua tem ótimo aspeto!

Estátua equestre de Luís XIV. Apesar de desproporcional, esta estátua tem ótimo aspeto!

O novo rei dos franceses, Luís Filipe, aí instalara uma nova estátua equestre, uma estátua que tinha a vantagem de não ser muito cara para a bolsa dos franceses. Utilizou-se o cavalo de bronze já existente, mas que nunca fora terminado. Esse cavalo foi na sua origem destinado a tornar-se numa estátua equestre de Luís XV, para a Praça da Concorde. Encomendada em 1816 por Luís XVIII, o seu escultor, Pierre Cartellier, nunca teve o prazer de ver a sua obra acabada: falece em 1831.

Para fazer uma estátua equestre de Luís XIV, adiciona-se a esse cavalo, a estátua do cavaleiro Luís XIV, um trabalho do genro de Cartellier, Luís Petitot. Isto explica porque o rei e o cavalo não têm a mesma proporção: trata-se de uma colagem artificial, posto a cabo pelo fundador Charles Crozatier em 1836.

Para fazer espaço ao novo Gradeamento Real, desloca-se em 2006 a estátua do rei, que voltará três anos mais tarde ao seu lugar atual, depois das grandes obras de restauração. Luís XIV é afastado do seu palácio para se aproximar da avenida de Paris. Quanto a mim, preferia vê-lo um pouco mais próximo do novo Gradeamento, que está ao meu ver, muito isolado.

Os gradeamentos do Palácio: o Gradeamento de Honra e o Gradeamento Real

O controlo das entradas do palácio é feito graças aos gradeamentos existentes em seu redor que delimitam os diferentes espaços. O Gradeamento de Honra é o primeiro que vemos quando chegamos à cidade, separando a Praça das Armas do Pátio de Honra. Construído em 1682, será remodelado no decorrer do século XIX. É hoje a principal entrado do Palácio de Versalhes. Um gradeamento separa a Orangerie dos jardins: o Gradeamento da Orangerie.

Gradeamento de Honra à esquerda e pormenor do Gradeamento Real à direita.

Gradeamento de Honra à esquerda e pormenor do Gradeamento Real à direita.

O novo Gradeamento Real.

O novo Gradeamento Real.

A parte mais alta do Gradeamento de Honra que separa a Praça de Armas e o Pátio de Honra. Precisava de um pouco de limpeza.

A parte mais alta do Gradeamento de Honra que separa a Praça de Armas e o Pátio de Honra. Precisava de um pouco de limpeza.

Há cada vez mais turistas em Versalhes. Para melhorar as passagens e controlar as visitas, pensou-se em construir uma nova separação entre o Pátio de Honra e o Pátio Real. Era o regresso do Gradeamento Real. Inicialmente construído por volta de 1690, será tirado em 1771. O novo gradeamento é reconstruido as três pencadas, é preciso dizê-lo, com base em alguns desenhos da época e em outros gradeamentos existentes no final do século XVII.

O novo Gradeamento Real, que causou muito polémica durante a sua pseudo reconstituição: é uma invenção moderna que corresponde muito vagamente ao que podia ter sido o gradeamento na época de Luís XIV.

O novo Gradeamento Real, que causou muito polémica durante a sua pseudo reconstituição: é uma invenção moderna que corresponde muito vagamente ao que podia ter sido o gradeamento na época de Luís XIV.

Esta reconstituição é polémica, como sempre quando se trata de uma reconstituição. Para além da veracidade histórica, não é por menos bela e bem integrado no atual Palácio de Versalhes. Cumpre hoje o seu papel funcional, impede os visitantes sem bilhete de passar para o outro lado. Porém, uma questão persiste: porquê gastar tanto dinheiro neste gradeamento, composto de vários milhares de toneladas de ferro e vários milhares de folhas em ouro, quando, mesmo ao seu lado, temos o Gradeamento de Honra da Orangerie que está a cair em ruinas? Curiosas prioridades.

Dois detalhes do Gradeamento Real, com uma coroa à esquerda e um sol à direita.

Dois detalhes do Gradeamento Real, com uma coroa à esquerda e um sol à direita.

O ponto mais alto do Gradeamento Real. Todo o gradeamento que separa o Pátio de Honra do Pátio Real é inteiramente dourado.

O ponto mais alto do Gradeamento Real. Todo o gradeamento que separa o Pátio de Honra do Pátio Real é inteiramente dourado.

O Palàcio de Versalhes na atualidade

O sucesso do palácio, a sua popularidade mundial ainda estão na ordem do dia, e até mais que nunca. Tal sucesso aumenta em passo acelerado a degradação do palácio, que não foi concebido para que cada ano, milhões de pessoas venham visitá-lo. Uma manutenção constante é exigida, um controlo das visitas e uma organização sem falhas são absolutamente necessárias.

Para colmatar uma falta de dinheiro crónica de tudo o que diz respeito à cultura, mesmo um estabelecimento gerando tantas receitas de bilheteira tem que fazer apelo aos mecenas. Toda a gente pode participar, tornando-se padrinho de um simples banco de jardim ou de uma estátua. Pessoalmente, não ficaria chateado, se elevadas quantidades de dinheiro não fossem gastas em projetos que para mim não são prioritários, ou mesmo contrários à alma do lugar.

Turistas em frente ao Gradeamento Real. O ouro do gradeamento corresponde ao ouro do telhado do Pátio de Mármore.

Turistas em frente ao Gradeamento Real. O ouro do gradeamento corresponde ao ouro do telhado do Pátio de Mármore.

Na minha opinião é completamente inútil fazer exposições de Arte Moderna no Palácio de Versalhes. Preferia ver, reconstituições históricas do século XVII retratando a vida do palácio, sobretudo, que muitos deles prestariam esse serviço de forma gratuita. Gosto muito da ideia de alugar algumas salas do palácio para eventos privados, ou de aí organizar receções oficiais.

Se a gestão atual do palácio parece um pouco caótica, é talvez porque desde 1995 e a instituição do Estabelecimento público do palácio, do museu e do domínio nacional de Versalhes, a presidência deste organismo foi confiada a pessoas que não tem uma qualificação específica para esta função. A sua nomeação parece mais de ordem politica que outra coisa. Quando Christine Albanel dirigia o estabelecimento público, foi muito criticada por ter uma visão apenas comercial de Versalhes, muito longe da versão dos historiadores e especialistas do palácio, com o único objetivo de aumentar o número de visitantes em Versalhes.

Mas para quê aumentar o número de visitas? Para criar mais capital? Talvez seria necessário num primeiro tempo preparar as condições para um maior fluxo de visitantes. Acho lamentável fornecer tantos recursos para Versalhes, quando outros lugares em França, que tanto tento divulgar, tem muito para oferecer a visitantes ausentes.

fotografias do palàcio de versalhes

O Palácio é ricamente decorado com inúmeras estátuas. Em cima dos balaústres, podemos ver os quatro troféus restituídos no fim do século XX.

O Palácio é ricamente decorado com inúmeras estátuas. Em cima dos balaústres, podemos ver os quatro troféus restituídos no fim do século XX.

Corpo Central, jardim e primeiro piso.

Corpo Central, jardim e primeiro piso.

Estátua da fachada do Palácio : alegoria da Música, por Nicolas Dossier.

Estátua da fachada do Palácio : alegoria da Música, por Nicolas Dossier.

À direita, uma das ninfas Hespérides, segurando uma maçã de ouro tendo aos seus pés um dragão. À esquerda, estátua de um homem, talvez Hércules? Pierre Ler Legros é talvez o autor destas estátuas.

À direita, uma das ninfas Hespérides, segurando uma maçã de ouro tendo aos seus pés um dragão. À esquerda, estátua de um homem, talvez Hércules? Pierre Ler Legros é talvez o autor destas estátuas.

Sentimos de maneira muito forte a influência da Antiguidade, estando à esquerda uma das extremidades do frontão da Ala de Gabriel, e à direita a Capela Real. A estátua da esquerda representa São Gregório o Grande. A estátua da direita representa Santo Ambrósio. As duas estátuas são de Pierre Lepautre.

Sentimos de maneira muito forte a influência da Antiguidade, estando à esquerda uma das extremidades do frontão da Ala de Gabriel, e à direita a Capela Real. A estátua da esquerda representa São Gregório o Grande. A estátua da direita representa Santo Ambrósio. As duas estátuas são de Pierre Lepautre.

A abundância de Antoine Coysevox, esculpida em 1682. Esta estátua alegórica encontra-se do lado esquerdo do novo Gradeamento Real.

A abundância de Antoine Coysevox, esculpida em 1682. Esta estátua alegórica encontra-se do lado esquerdo do novo Gradeamento Real.

A fechadura do Gradeamento Real. Este novo gradeamento foi colocado em 2008.

A fechadura do Gradeamento Real. Este novo gradeamento foi colocado em 2008.

Para todas as Glórias da França: esta inscrição está no Pavilhão Dufour e na Ala Gabriel. Foi desejada por Luís Filipe em honra do novo Museu da História da França, instalado no Palácio de Versalhes. Só as vitórias francesas aqui estão representadas.

Para todas as Glórias da França: esta inscrição está no Pavilhão Dufour e na Ala Gabriel. Foi desejada por Luís Filipe em honra do novo Museu da História da França, instalado no Palácio de Versalhes. Só as vitórias francesas aqui estão representadas.

Em frente à Praça das Armas, um dos dois edifícios gémeos fazendo frente com o Palácio. Aqui são os Grandes Estábulos do Palácio de Versalhes. Acolhe hoje a Academia do espetáculo equestre de Bartabas.

Em frente à Praça das Armas, um dos dois edifícios gémeos fazendo frente com o Palácio. Aqui são os Grandes Estábulos do Palácio de Versalhes. Acolhe hoje a Academia do espetáculo equestre de Bartabas.

Outro edifício gémeo do Grande Estábulo, o pequeno Estábulo. Aloja hoje a escola de arquitetura de Versalhes e o centro de pesquisa e restauração dos museus de França.

Outro edifício gémeo do Grande Estábulo, o pequeno Estábulo. Aloja hoje a escola de arquitetura de Versalhes e o centro de pesquisa e restauração dos museus de França.

Neste longo corredor estão dispostas estátuas de personalidades importantes de Versalhes.

Neste longo corredor estão dispostas estátuas de personalidades importantes de Versalhes.

Uma das personalidades de Versalhes, Nicolas de Catinat, militar francês e marechal de França.

Uma das personalidades de Versalhes, Nicolas de Catinat, militar francês e marechal de França.

Três dos inúmeros bustos dos imperadores romanos que decoram um pouco por todo o lado o palácio.

Três dos inúmeros bustos dos imperadores romanos que decoram um pouco por todo o lado o palácio.

Um pêndulo com a representação do Tempo em baixo.

Um pêndulo com a representação do Tempo em baixo.

Assoalho de tacos de madeira de Versalhes.

Assoalho de tacos de madeira de Versalhes.

Mulheres com archotes na Galeria dos Espelhos. Elas têm um candelabro para iluminar o quarto.

Mulheres com archotes na Galeria dos Espelhos. Elas têm um candelabro para iluminar o quarto.

Extremidade do teto da Galeria dos Espelhos.

Extremidade do teto da Galeria dos Espelhos.

O Gabinete do Conselho, na época de Luís XIV, o Gabinete do Rei. É aqui que o rei se reunia diariamente com o governo.

O Gabinete do Conselho, na época de Luís XIV, o Gabinete do Rei. É aqui que o rei se reunia diariamente com o governo.

Salão dos Nobres. É Aqui que a rainha recebia. Será decorado por Marie-Antoinette. O grande quadro de Luís XV em vestes reais é a obra de Louis-Michel Van Loo.

Salão dos Nobres. É Aqui que a rainha recebia. Será decorado por Marie-Antoinette. O grande quadro de Luís XV em vestes reais é a obra de Louis-Michel Van Loo.

Sala dos Guardas da Rainha. É a única sala dos apartamentos que conservou a sua decoração da época de Luís XIV.

Sala dos Guardas da Rainha. É a única sala dos apartamentos que conservou a sua decoração da época de Luís XIV.

Sala dos Guardas. É aqui que se encontravam os guardas empoçados da segurança da rainha.

Sala dos Guardas. É aqui que se encontravam os guardas empoçados da segurança da rainha.

A Praça das Armas é utilizada hoje como grande parque de estacionamento, com inúmeros turistas. Muitos vendedores africanos de rua tentam vender recordações aos turistas.

A Praça das Armas é utilizada hoje como grande parque de estacionamento, com inúmeros turistas. Muitos vendedores africanos de rua tentam vender recordações aos turistas.

Informações Úteis

[osm_map lat=”48.805″ lon=”2.121″ zoom=”15″ width=”100%” height=”450″ marker=”48.80498,2.1202″ marker_name=”wpttemp-green.png” type=”GoogleHybrid”]

Localisação do palácio de Versalhes


Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *